22 de novembro de 2010

Pole Dance

Era segunda-feira. Acordei bem naquele dia, com uma disposição que só um composto de inception ocasionaria. Me dirigindo a minha instituição pluridisciplinar de formação dos quadros de profissionais de nível superior (wiki), sempre passo por aquela rua descrita no post anterior, aonde temos figuras bêbadas aparecendo de forma esporádica.

Dessa vez a rua estava vazia, o que me fez olhar o horário e concluir que eu estava cerca de uma hora adiantado. Para matar os 60 minutos, resolvi parar em um daqueles bares e comer alguma coisa, tomar um segundo café da manhã, que deve ser a segunda refeição mais importante do dia. O senhor do boteco foi deveras gente boa, usava bigode, estava um pouco acima do peso e tinha uma caneta na orelha, o que me fez concluir que ele era português. Pedi uma coxinha e um café, achei que era uma boa combinação, e fui conversando com o senhor português do bar.

Às vezes entrava algum pai de família para pedir sua cachaça matinal, o senhor português se virava para falar alguma coisa com ele e cobrar pela bebida. Quanto mais tempo passava, mais entravam esses respeitosos senhores falando de futebol e que seus empregos eram ruins, enquanto meu café se esvaziava.

Do lado de fora, era possível observar um jovem adulto com uma camisa do flamengo cambaleando pela calçada. Concluí que ele estava bêbado. Conclusão só confirmada quando o rapaz começou a se esfregar no poste de ferro. Em uma primeira vista, parecia realmente que ele estava curtindo o poste, mas um olhar atento atestaria claramente que ele estava tentando fazer a chamada Pole Dance, porém sem muito sucesso. Ao ver a cena, o pequeno grupo que tinha se formado no bar começou a assobiar para o pobre rapaz que estava concentrado em sua performance.

Não demorou muito para os carros começarem a buzinar para ele também, basicamente uns gritavam de um lado e os outros buzinavam de outro. O caos ficou completo quando os carros começaram a diminuir para ver o flamenguista dançar e as buzinadas começaram a ser tocadas para alertar o carro da frente a andar.

Nunca antes na história desse país se viu tamanha badalação por uma Pole Dance. O rapaz começou a parar de vez sua dança exótica que já não era muito ágil, mas continuava agarrado no poste com o público querendo mais. Mas meu café acabou. Paguei a conta e fui embora dali.

A última imagem que eu tenho do coitado bêbado é dele desmaiado no chão com sua já suja camisa do flamengo. O resto do dia foi monótono, a empolgação toda foi só no começo do dia e depois disso tudo, comecei a considerar uma mudança de trajeto.


Deve ter sido de grande inspiração para o rapaz

8 de novembro de 2010

Estacas do Caos

Era uma manhã comum, nem tão quente, nem tão fria, todos saindo de casa para seus trabalhos e/ou deveres acadêmicos. Eu mesmo estava indo aos meus deveres acadêmicos como qualquer estudante normal carregando um caderno quase em branco. No meu trajeto, figuras bêbadas às 7 da manhã não são tão raras quanto é de se esperar. Não sei se algum dos 10 bares espremidos em 2 quarteirões tem alguma relevância nessa questão, mas fato é que bêbados aparecem de vez em quando por ali.

Existe um ponto de ônibus bem frequentado pelas pessoas da região desses dois quarteirões, sinalizado com um pedaço de madeira fincado no chão. Em um certo dia eu passava pela rua como de costume quando observei um homem com as roupas rasgadas muito semelhante a um mendigo, um mendigo bêbado para ser mais preciso, erguendo acima de sua cabeça duas estacas de madeira.

Praguejando palavras ininteligíveis e chegando cada vez mais perto do ponto de ônibus sempre cheio, notei que as pessoas estavam se dispersando, formando uma passagem tal qual Maomé abrindo os mares naquele desenho animado da Record. Ainda um pouco longe, consegui enxergar nitidamente a expressão de medo de uma mulher que olhava fixamente para o ser que se aproximava, brandindo com fúria suas estacas embora sem coordenação alguma. Era de fato uma situação de extremo perigo.

A mulher deu 1 passo para o lado logo que o senhor bêbado passou, assim como alguns outros que estavam ali liberando a passagem dele. A única postura que eu tomei diante da situação foi apressar meu passo para pegar o vácuo deixado, o que me deu uma ótima sensação de fuck yeah.

Cerca de 10 passos mais à frente o homem desceu os braços e deixou as madeiras caírem no chão, para logo após ele próprio despencar ali. Eu antecipando o desastre que poderia acontecer e não aconteceu, principalmente quando ele for acordar de ressaca, me aproximei do homem desmaiado e bêbado e peguei as madeiras que repousavam ao seu lado.

As levei junto comigo até achar uma lata de lixo presa à um poste e as depositei lá. E foi assim que eu salvei a vida de unidades de pessoas da região, um marco de coragem, bravura e altruísmo da minha parte. Só espero que ele não tenha acordado enfurecido por terem roubado suas Blades of Chaos enquanto ele dormia.


Olhando para está imagem, ele realmente lembrava o Kratos